sábado, 21 de fevereiro de 2015

Dançar para fluir no mundo*

Voltei para casa ontem à noite e durante a noite fria questionava o porquê da dança na minha vida. Descobri que cada vez que eu me movimento e sinto a energia de cada alongamento para preparar-me para a aula de dança vou despertando minhas células para a vida. Me sinto vibrante e viva quando danço!
Talvez eu nem consiga mais parar de dançar nessa existência, vício que tanto me ilumina a alma! Gratidão por esse encontro tão profundo com o movimento. Minha intersecção com a dança tem sido muito construtiva e reveladoramente positiva.

Andando pela cidade percebi a beleza de poder expressar felicidade pelo suor do movimento coreografado! Marcado! Preciso! Muitas vezes repetidos e ensaiados! Quase parece improvisado, mas não! Muita transpiração para aproximar-me da perfeição.

De repente, percebi que estava perto de casa e olhei para alguns rostos ao redor. Observei que tantas são as questões que nem mesmo se minha bola de cristal não estivesse quebrado não conseguiria, de fato, desvendar cada expressão daqueles rostos passantes.

Imagino que cada ser deva ter, ainda que escondida, uma paixão. Eu só imagino.

Ideias complexas começam a me rodear, pois sem paixão não consigo nem pensar. Apática nem vejo a cor da vida. Mas isso é como o mundo me parece. Será que posso imaginar que o parecer de mundo dentro da minha representação é semelhante para todos os seres viventes? Será que existe, de fato, singularidades na representação de mundo para cada ser humano, tanto quanto a quantidade representações existentes? Ou será que bem de perto somos todos muito parecidos? Existe tanta diferença na minha alegria ou na minha dor quanto a de uma irmã que vive do outro lado do mundo? O que me separa de alguém? O que me faz ser tão humana quanto qualquer ser humano, ainda que num caminho que eu considere errante? Será que existe um manual de certezas?

Bem, são apenas divagações. Mas eu acredito fortemente que só quem experimenta o movimento de qualquer forma de expressão pode sentir a beleza dos desbloqueios que somatizamos durante anos na existência nesse louco planeta chamado Terra.
E viva a dança!!!
*Vanessa Ribeiro
Professora, atriz, dançarina e filósofa clínica.
Petrópolis/RJ

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