sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Decidi*

Decidi!!!! Está feito! Vou mudar...
Eu quero mudar tudo de lugar;
Trocar a disposição de alguns móveis, cadeiras, camas, penteadeira e até o meu sofá.
Reorganizar!
Ir em busca, um novo lugar, dentro ou fora...
Algumas coisas vou reciclar, outras doar, outras... ainda não sei bem onde vão ficar.
Quero mudar de paisagem, respirar novo ar, dentro e fora da casa, pois agora aprendi a caminhar.
Só falta agora a coragem de levantar-me do meu conforto existencial e ir em busca do novo, daquilo que vim fazer aqui. 
A liberdade interna se expande a cada dia e então começo a refletir o lugar onde quero estar, o cheiro das coisas, a tonalidade dos sentimentos, a umidade do ar.
Quero mostrar para mim mesma a poeira escondida nos cantinhos do meu caminho, bagunçar, desarrumar para poder limpar. Já sei como sou, não tenho mais medo da solidão, nem de "bicho papão", quero o lugar desconhecido, as paredes incertas, as portas entreabertas, o amanhecer sem rumo, sem destino...
Hoje quero tudo isso e espero com serenidade e paz, a maturidade está fazendo com que eu percorra muitos caminhos tranquilos, nunca mais fiquei estagnada, a gente aprende que o movimento transforma algo em alguma coisa, não importa muito a coisa, o importante é a transformação.
Agora consigo respirar, saber o que quero e o que não quero.
Entrego minha vida ao fluir do existir, o destino regado de sabedoria me conduzirá ao meu melhor lugar, desisti de controlar. Agora eu quero aprender, mais, mais e tantas vezes mais eu precisar.
E o vento amigo que balança meus cabelos me conduzirá para que lado da estrada devo caminhar, não importa se for de trem, carro, carroça, ou bicicleta, ou simplesmente andando devagar, sei que respirando e seguindo em frente chegarei no meu destino.
Isso é liberdade.
Isso é vida.
Isso é o que minha alma anseia!!!

*Vanessa S. R
Professora de filosofia, filósofa clínica, dançarina, atriz...   



terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Há tempos que não olho mais para trás...*

Há tempos que não olho mais para trás, não por querer fugir ou não querer enxergar o que foi vivido, mas por ter consciência que o amanhã não existe mais. Hoje sou assim, serena, confiante, amante da vida com todas as suas imperfeições. Talvez essa seja realmente a beleza da maturidade. Viver o hoje! O agora!
Entretanto, se for preciso curar alguma ferida ou reavaliar uma atitude que me inquieta, abro uma licença poética para fitar o passado. Só nesse caso. Não sou muito saudosista, nem gosto de ficar remoendo o que passou, gosto de abrir o peito para o novo, o por vir... Tenho a esperança como um leme para meu viver, aliás o que seria dessa mulher que vos fala se não fosse a esperança?
Sinto o cheiro da noite fresca da minha cidade natal, o silêncio de poucos carros que passam pela rua lá fora, o barulho dos meus pensamentos, a maciez do meu anoitecer. Ah!!! Como gosto da noite.
Secreta. Sincera. Amiga de sempre, companheira no momento de solidão. Como é bom viver e criar durante a noite.
A noite é misteriosa e sempre guarda um amanhã cheio de surpresas, agradáveis ou nem tão agradáveis. Qual será o próximo desafio que o dia apresentará?
Esse enigma me encanta.
Sinto vontade de chorar, não de tristeza, e sim de gratidão por estar tão lúcida diante de meus sentimentos e sensações. Vejo as pessoas ao redor em constante discussão, numa tentativa voraz de tentar encontrar alguma solução. Como somos crianças no campo da evolução!!!
A busca é minha paixão dominante, assim como de inúmeras outras pessoas com singularidades de intersecção positiva com a minha. Cerco-me de confidentes amigos-irmãos, amores sinceros e singelos, pessoas que me dirão verdades ou mentiras sinceras para não ferir meu coração. Construo um mundo particular paralelo ao mundo crise, violência e injustiças mil. Talvez seja julgada por alienada, contudo, não me importo mais, quero paz. Talvez os que me julgam assim, não consigam enxergar a vida como um todo, um uno.
Acredito na vibração da não-violência, no calar na hora certa, na intuição da minha alma. Eu também quero um mundo melhor, com direitos e deveres iguais, entretanto eu já entendi que para contribuir com essa mudança preciso mudar o que não serve mais no meu mundo particular. Se eu cuidar de mim e de minhas virtudes, regando, refletindo a cada dia no que posso fazer para me aperfeiçoar, estarei fazendo tudo o que me cabe e contagiando com minhas atitudes os corredores por onde passar. Prefiro atos verdadeiros, ainda que desalinhados, buscando amadurecer.
Trabalhar os sentimentos se tornou minha mais linda obsessão!!! Gosto de perceber o quão humana sou e estou, na caminhada dessa existência sem destino traçado. O livre arbítrio nos obriga a escolher nossos caminhos o tempo todo. Sartre não estava enganado!!! Isso me deixa leve, saber que sou autora da minha história e de minhas escolhas. Aprendo muito, principalmente com as escolhas desmedidas e inconsequentes, já me aceito mais. Essa minha condição, igual a de todos os seres racionais, errantes e caminhantes me seduz mais e mais... E, eu aprendo... Quebrando a cabeça, por vezes o coração, tropeçando no escuro, como qualquer irmão.
Erguida aqui estou para continuar com minhas inúmeras provocações e inquietudes que quase não cabem em mim. Transbordo-me em palavras, na dança, nas minhas aulas, nas minhas relações, nas gargalhadas e nas lágrimas teimosas. E, assim, vou descobrindo um pouco mais dessa, insana doce vida, que se apresenta para essa mulher que amadurece a cada dia mais... e... mais.

Vanessa S.R
Professora de filosofia, atriz, dançarina, professora particular e dona do seu caminho*