quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

*Novo olhar

Estive hibernada em mim. O ano de 2016 foi um enorme desafio existencial, o país expurgando suas dores, a vida um pouco carregada de tantos acontecimentos, pessoas queridas sofrendo e eu em enormes buscas para dar sentido novamente ao existir.
Descobri que a dor liberta e fortalece se temos entendimento, se enxergamos nela uma possibilidade de crescimento pessoal.
Atravessei quedas diversas, cai e levantei muitas vezes. Questionei a mim e ao mundo, chorei mais que sorri.
Eu que tenho o riso solto descobri uma pessoa capaz de tatear os mais profundos esconderijos de minha alma. Lembranças do passado atormentaram meu Ser. Vivências de muita fragilidades, por vezes, tentavam me fazer desistir. Resisti.
Sombras guardadas debaixo do tapete apareceram sem redenção. Deparei-me com lugarejos destroçados e ocultados por meu orgulho e vaidade. Precisei reconhecer diversos aspectos dolorosos para reformular um novo EU. Cada vez mais transparente e autêntico. Difícil caminho de mergulho existencial, quase perdi o fôlego, mas através de muita ajuda, estou aqui. Muito mais inteira do que antes. Mais apta à enfrentar as quedas das armadilhas de uma vida sem garantias.
O agora se torna muito mais agora, sonhos deixei de sonhar, portas precisei fechar, fôlego tive que retomar e junto ao medo, coragem precisei criar.
Não! Não me arrependo de nada, nem das dores. As amizades sinceras banharam meus momentos de alegria. Algumas pessoas deixei partir e novas deixei chegar. Movimento constante de reforma íntima e necessária para crescer e viver inteira, cada vez mais inteira.
Silenciei diversas vezes por falta do que expressar, escondi-me em meus pensamentos e sentimentos mais profundos, mergulhei no meu olhar interno. Revoltas precisei enfrentar, nem sempre a doçura prevalece em lutas tão profundas. Percebi minha pequenez diante ao mundo, ao universo vasto e complexo. Porém percebi o universo que havia em mim. Pirei!!!
Compreendi que o caminho é mais longo do que imaginava, as máscaras caíram uma a uma e fui descobrindo-me incompleta, dona das minhas próprias escolhas, responsável pelas ruas que decidia caminhar. Não conseguia mais voltar para trás, precisei seguir confiante que em algum momento chegaria em algum lugar.
Ilusões caíram por terra. Nitidez se fez presente, nem sempre olhar para dentro é confortável. Ao redor conflitos mil. Como ficar incólume a dor alheia? Acreditava ser impossível.
Quando, de repente percebi que me confundia na dor do outro, parei e decidi: Não posso viver o que não me pertence. Solidária, sim, posso continuar. Mas sentir a dor alheia é egoísmo com o outro, não acreditar que o outro é capaz de suportar. Quanta vaidade!!! Quanta pretensão!!!        
Contudo surgiu um novo olhar, mais real, mais palpável, mais possível.
Chega de só idealizar!
Lutar para colocar em prática é sonhar com os pés no chão e com possibilidades reais de concretizar. Os sonhos são mais lúcidos. Tornei-me mulher guerreira. Arranquei forças das minhas entranhas para continuar. Agradeço a oportunidade de sempre questionar e querer mais, porque tudo, às vezes é pouco demais. Testei meus limites, coloquei-me a prova, fiz em mim um lugar de repouso para minha alma mesmo tendo consciência de que o caminho de autoconhecimento é solitário demais.
Que esse ano eu consiga colher os frutos das minhas descobertas.
Se estou frustrada? Nunca, jamais.
Sinto-me grata.

Simplesmente Vanessa*