Nada, absolutamente nada vai me fazer retroceder o caminho que percorri, sofri, amei, briguei e muitas vezes chorei. Só penso em olhar para frente, ainda que com um aperto no centro do peito tenha vontade de parar. Nada, nada me fará desistir desse caminho de busca escolhido por mim, nem dores, nem desânimo, nem medos. Nada! Eu cheguei até aqui e ainda que eu morra de tanto chorar, curarei essa ferida aberta e purulenta que venho cultivando há tempos.
Chega de reclamar de meus tropeços, tenho o direito de tropeçar. Todos temos esse direito!!! Chega de tanta cobrança e autocrítica por uma vida linear, sem obstáculos, curvas, erros. Chega de querer ser a expectativa alheia para merecer migalha de algum sentimento.
Mas, nada, nada mesmo me fará voltar. Seguirei daqui, olharei vagamente para traz somente para admirar minha caminhada, sem críticas, sem menos ou mais. Luto, lutei e continuarei a lutar por minha vontade de ser feliz num mundo em que a felicidade parece impossível, utópica. A sensação que tenho é que as pessoas felizes, verdadeiramente, são tachadas de ignorantes! Quanto preconceito agendado em minha mente. A vida me fez assim e talvez eu tenha aceitado essa construção sem questionar.
Ignorância é não tentar buscar a felicidade, é ser uma vítima eterna do sofrimento que a existência por muitas vezes nos apresenta. Ninguém está imune ao sofrimento. Tristezas, angústias, dores existenciais são normais e saudáveis, mas a falta de felicidade é uma vida vivida pela metade. Apesar de saber ou intuir que a completude não é dessa vida.
Sei que ainda terei muito medo, pararei para respirar e tentar perceber que apesar da imensidão do universo nunca estaremos totalmente desamparados. Eu já consigo enxergar, vagamente, um caminho a ser percorrido nessa nova fase da minha existência. Andei por tanto tempo imersa em mim mesma que o externo está mais vibrante, clareou. Precisei passar por muitas desconstruções, desagendei muitas crenças ultrapassadas para trazer mais de mim para meu centro existencial. Só agora, depois dessa imersão, posso compreender o porquê da necessidade de abrir caminho para a dor passar, e, passa!!! Aliás, tudo passa.
O sofrimento poderá ser uma fonte fecunda de aprendizado e de humanização. A sensibilidade com as circunstâncias ao redor fica mais ativa e viva. E já nem quero mais me livrar da minha sensibilidade, partindo do pressuposto, que sou também essa sensibilidade.
A sociedade, em geral, com raras exceções, ainda não está preparada para lidar com pessoas tão profundas no sentir e no expressar esse sentimento, não importa se o sentir é positivo ou negativo. O fato é que pouco se valoriza as questões da alma. Somente o que é visível aos olhos costuma ganhar um maior destaque, entretanto, sinto que alguns já perceberam que o sentido da vida não pode ser simplesmente viver por viver. Há uma intenção em cada vida existente, ainda que eu não saiba qual seja, tenho uma quase certeza de que o habitar nesse planeta não é um passeio sem encontros, desencontros, conflitos, indecisões, um mero acaso, é algo muito maior que nossa inteligência e raciocínio lógico ainda não são capazes de compreender em sua totalidade.
*Vanessa Ribeiro
Professora, dançarina, atriz e filósofa clínica...
sexta-feira, 24 de julho de 2015
quinta-feira, 16 de julho de 2015
A noite em mim...*
Transformo minha dor em poesia, música e movimento. Sinto saudades de coisas ainda não vividas. Essa é minha vida!
Desencontros familiares me chegam dizendo que muitos dos meus, pessoas do meu sangue, são estrangeiros na minha estrada. Tão estranho ter e não ter pessoas verdadeiras e reais no convívio familiar. Buracos emocionais foram construídos dentro do meu ser, procuro explicação para tentar aliviar a dor. Mas, nem sempre teremos acesso a todas as explicações de nossa existência, pois a própria existência escorre pelos dedos da mão. Apesar de tudo, eu acredito na lua, acredito na noite perfumada e acredito no movimento para anestesiar os dramas do dia a dia.
Cada um sabe quais são os vãos de seu existir. Nunca devemos, ou deveríamos julgar atitudes do nosso irmão, mais ou menos próximo de nós. As feridas existenciais têm me mostrado o quão pequenos somos diante da imensidão da vida e do universo, seja o universo particular ou o universo em que estamos inseridos como seres humanos.
Buscar-se é tarefa complexa, entretanto, em muitos casos é a única forma de curar o universo particular desajustado de alguns. Se algo dói, paralisa os sentidos e impede a sua expressão, está na hora de olhar para dentro da casa coração e tentar perceber se há algo que se possa fazer para atenuar essa dor.
A vida é cheia de surpresas, agradáveis e desagradáveis, a noite é simplesmente o mistério de um novo amanhecer, uma nova surpresa, boa ou ruim. Mesmo sabendo de tudo isso, eu gosto da noite. Gosto de sentir a esperança de que o amanhã poderá ser melhor que o hoje, gosto de imaginar que em um "passe de mágica" acordarei mais feliz, mais viva, mais disposta a recomeçar.
A noite me faz criativa e mais ativa, meus pensamentos transbordam e se enchem de ideias, soluções que com o barulho do dia não havia tido acesso. Parece que a vibração da noite traz muitos "insigts" para os poetas e os profetas. Não tenho a pretensão de pertencer a nenhuma das duas categorias, porém, as maiores e mais nítidas ideias e inspirações me chegam numa noite quieta. Descobri que gosto do silêncio quando não quero interagir com o outro. Prefiro calar-me e sentir o ir e vir das ações cotidianas. O barulho da televisão ensurdece minha alma, procuro respirar e fugir desse barulho. Realmente a televisão tem se tornado cada vez mais inútil nesse meu processo de reconstrução!!! Nem filme me agrada no momento, estou mais amiga dos livros e das tintas das canetas. Se isso é bom ou não, não importa, é um processo muito particular.
Sinto falta daquela vaidade quase histérica com o meu cuidar de mim, entretanto, sinto que quando esse processo passar a histeria voltará com mais mansidão, sem pressa, sem tantos excessos. Sem culpas e cobranças externas. A seriedade ainda me acompanha, o sorriso ainda está apático, a esperança ainda está tímida mas a fé continua escondida num compartimento secreto do meu coração!
Por agora, nada mais para compartilhar. Só meu fascínio pela noite que nunca cessará.
*Vanessa Ribeiro
Professora, dançarina, filósofa, atriz
Desencontros familiares me chegam dizendo que muitos dos meus, pessoas do meu sangue, são estrangeiros na minha estrada. Tão estranho ter e não ter pessoas verdadeiras e reais no convívio familiar. Buracos emocionais foram construídos dentro do meu ser, procuro explicação para tentar aliviar a dor. Mas, nem sempre teremos acesso a todas as explicações de nossa existência, pois a própria existência escorre pelos dedos da mão. Apesar de tudo, eu acredito na lua, acredito na noite perfumada e acredito no movimento para anestesiar os dramas do dia a dia.
Cada um sabe quais são os vãos de seu existir. Nunca devemos, ou deveríamos julgar atitudes do nosso irmão, mais ou menos próximo de nós. As feridas existenciais têm me mostrado o quão pequenos somos diante da imensidão da vida e do universo, seja o universo particular ou o universo em que estamos inseridos como seres humanos.
Buscar-se é tarefa complexa, entretanto, em muitos casos é a única forma de curar o universo particular desajustado de alguns. Se algo dói, paralisa os sentidos e impede a sua expressão, está na hora de olhar para dentro da casa coração e tentar perceber se há algo que se possa fazer para atenuar essa dor.
A vida é cheia de surpresas, agradáveis e desagradáveis, a noite é simplesmente o mistério de um novo amanhecer, uma nova surpresa, boa ou ruim. Mesmo sabendo de tudo isso, eu gosto da noite. Gosto de sentir a esperança de que o amanhã poderá ser melhor que o hoje, gosto de imaginar que em um "passe de mágica" acordarei mais feliz, mais viva, mais disposta a recomeçar.
A noite me faz criativa e mais ativa, meus pensamentos transbordam e se enchem de ideias, soluções que com o barulho do dia não havia tido acesso. Parece que a vibração da noite traz muitos "insigts" para os poetas e os profetas. Não tenho a pretensão de pertencer a nenhuma das duas categorias, porém, as maiores e mais nítidas ideias e inspirações me chegam numa noite quieta. Descobri que gosto do silêncio quando não quero interagir com o outro. Prefiro calar-me e sentir o ir e vir das ações cotidianas. O barulho da televisão ensurdece minha alma, procuro respirar e fugir desse barulho. Realmente a televisão tem se tornado cada vez mais inútil nesse meu processo de reconstrução!!! Nem filme me agrada no momento, estou mais amiga dos livros e das tintas das canetas. Se isso é bom ou não, não importa, é um processo muito particular.
Sinto falta daquela vaidade quase histérica com o meu cuidar de mim, entretanto, sinto que quando esse processo passar a histeria voltará com mais mansidão, sem pressa, sem tantos excessos. Sem culpas e cobranças externas. A seriedade ainda me acompanha, o sorriso ainda está apático, a esperança ainda está tímida mas a fé continua escondida num compartimento secreto do meu coração!
Por agora, nada mais para compartilhar. Só meu fascínio pela noite que nunca cessará.
*Vanessa Ribeiro
Professora, dançarina, filósofa, atriz
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