quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Expressão!*

Livre movimento do corpo em ação guiado por várias emoções... Contração, expansão, vida ativa em reação ao belo e para o belo no seu mais sublime conceito. Respiração ativa e sensações à flor da pele.
Bum! Grande sentimento que se encontra através de uma catarse daquele que vive por amor a arte. 

Maravilhas, sofrimentos, descontentamentos, solidão, percepção a cada deslocamento, longo ou curto!
Permitir-se!

Solução para uma melhor compreensão de si e do todo! Vida voando com o coração pulsante e inquieto para melhor decifrar tamanho sentido de todas as coisas sensíveis e metafísicas. Explicações??? Não! Não temos essa intenção...

Queremos arte para suportar a existência nua, vazia, brutal. Sem arte não conseguiremos seguir a diante. Tudo se torna meio bege, sem tom. E a canção poderá ser uma grande fonte de inspiração para muita piração consciente e equilibrada!

Palavras, as guardo no coração. Só o ato de expressar poderá satisfazer tamanha confusão de sentidos sem significados definidos.

Poesia? Também não. Apenas vontade de somente ser nesse mundo cheio de ter. Ideias muito complexas pairam na mente de quem vive por amor ao ato de se mostrar, se desnudar. Transparência nos contornos dos movimentos improvisados. Vida. Paixão. Luz. Ilusão!!!

Desejos escondidos na alma vão se esvaindo em tamanha transpiração... Tentação, vontade, necessidade, verdade.

A vida que escolhi e colhi até então!!! Será preciso mudar o curso do rio? Ou viver nesse universo particular é mais belo que as questões conflitantes e perturbadoras da minha alma? 

Sei não! Por enquanto é o que tenho, esse castelo eu mesma construí em pedras firmes e no chão da casa do meu espírito criativo.
Vulcão quase em ebulição!

Eu sou esse vulcão, mas meus segredos? Não conto, não.

*Vanessa Ribeiro 
Professora, atriz, dançarina e filosofa clínica. 
Petrópolis/RJ

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Humana, simplesmente humana...*


Sinto, sinto muito mesmo, mas sou demasiadamente humana. Sei que Nietzsche compreenderia, mas eu não consigo compreender tamanha fraqueza que há na minha porção humana.
Apesar das buscas incessantes, apesar das compreensões espirituais, apesar dos pesares da dor alheia ainda sou humana demais. 
Medos e sombras torturam meu ser consumindo o pouco de espiritual que há em mim, impotência diante de questões que parecem tão simples, entretanto para uma alma arredia como a minha se tornam monstros na escuridão da minha caminhada solitária e livre.
Ah! Livre arbítrio! Por que não ser conduzida por um destino traçado onde minhas escolhas façam algum sentido? Por que tamanha liberdade de escolha? Eu queria ser perfeita, juro, mas não sou, nem chego perto... 
Uma encruzilhada percorre minha mente e eu alucino e entorpeço por não saber por onde seguir. Dores de alma e de consciência pesam nos meus ombros que tentam desesperadamente carregar o mundo que me rodeia. Quanta pretensão a minha!!!
Controlar?

Ninguém controla nada. 
E a luz que ainda brilha escondida por trás das minhas entranhas teima em aparecer. Entretanto resisto e torturo um pouco mais minha alma sedenta de paz.
As lágrimas tendem a descer para que eu me sinta mais humana e imperfeita. Como ainda sou profana!
No jogo louco da vida, sensações escorrem por meus poros, trazendo sempre à memória o tamanho da minha pequenez nessa vida tão breve. Tento seguir os ensinamentos dos grandes mestres, mas, me deparo com minhas sombras de culpa e medo. Sintomas de fracasso diante da tão procurada virtude, aclamada e exaltada por grandes filósofos ilustres, sobressaem. 
Talvez, somente Nietzsche, tenha razão.  
Eu preciso de paz, preciso de mais, mais amor próprio, mais perdão por mim e por todos, mais aceitação dessa singularidade tão complexa que se apresenta a cada minuto para mim. Nua e crua.
Aceitação! Eis a grande questão. Eu sempre perdendo o caminho e buscando alguma identificação. Pois identificar-se com um alguém que parece ser mais evoluído é menos doloroso do que enxergar todas as mazelas que uma alma humana, demasiadamente humana, possui. E me perco na esperança de um dia tornar a me encontrar em algum beco, alguma rua, ainda que sombria, simplesmente me encontrar. E aí lembro-me de uma canção, peço ao Pai proteção, junto todas as minhas crenças pessoais para ancorar meu coração sequioso de mansidão. E cada vez mais sedenta vou caminhando em direção de mais um questionamento. 
Penso nas mulheres oprimidas por suas crenças religiosas e me identifico com um agendamento que me foi incutido ainda muito menina. "Olha! Deus castiga!"
Isso! É preciso ser uma boa menina. 
Uma moça correta!
Uma pessoa caridosa e feliz. Assim é que deve ser!
Eis que a menina cresce e descobre que nem sempre será uma boa menina, percebe sua perversidade e se assusta. 
Não, não, não!!! É preciso ser boa e caridosa, e ainda feliz.
O mundo desaba então!
O sofrimento da verdadeira realidade invade sua essência e ela não se adapta ao padrão agendado. Surge, então, as mais diversas perturbações existenciais. Depressão, medo, culpa, neuroses, viroses emocionais das mais diversas. Ela se sente inadequada. 
Muito perdida!!! Então ela dança para não pensar que é tão diferente de tudo o que foi projetado para ela. 
Distrai seu pensamento trabalhando ferozmente e mente para si. Sim, a menina-mulher mente. 
Profana, é o que ela é! 
Só as vezes, muito raramente, ela encontra sua lucidez e reflete sobre sua fraqueza. E, ainda raramente, aceita com delicadeza cada uma de suas imperfeições. Nesses momentos ela transborda e escreve, compartilha, desnuda-se para o mundo que a cerca! 

Finalmente, inspira e expira aliviadamente!!!

*Vanessa Ribeiro 
Professora, atriz, dançarina e filosofa clínica. 
Petrópolis/RJ

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Mulher: Substantivo feminino...*

Nem sempre contente com a realização de um grande dia, muito inconstante e dores diferentes. 
De repente o peito aperta e então ela pensa se é por causa dos hormônios ou do inchaço da última menstruação!
Chega a diversas conclusões sem solução, aí, eis que lágrimas correm desassossegadas por sua face e ela escreve e escreve sem parar como numa neurose incansável. Ela sabe que já é madrugada e que deveria ter lido um pouco antes de dormir, surgem culpas e pensamentos desordenados enquanto ela está cansada de ter que arrumar tempo para viver uma vida contemporânea. Estar arrumada, trabalhar, namorar, 
ser bonita a todo momento, gentil e afetuosa... 
Porém,
Soa um grito de dor! Porta do quarto fechada e o coração sufocado de tanto representar a "mulher ideal", perfeita sem uma gota de insatisfação! Não, não mesmo! Não foi por isso que ela lutou séculos e séculos. Ela só pretendia ser uma pessoa, entendam, uma pessoa como outra qualquer... Era só! Mas aí vieram os silicones, as revistas cheias de perfeitas mulheres e detalhe: Todas felizes! Ela não suportou tamanha pressão social e criou um casulo só seu, inacessível, trancado. 
Entretanto, vez por outra, ela dança e aí surge alma nessa pessoa que queria ser e ela percebe que a dança também se tornou uma grande aliada, uma obsessão!!! Mas quando movimenta o corpo a alma é elevada a nível tão profundo que nem a droga mais poderosa do momento seria capaz de lhe dar tamanho prazer. 
Sua vida se torna poesia e o inchaço já nem incomoda tanto, as dores musculares são recompensadas pelo ganho do movimento esperado. Sua filosofia, outra paixão, pode esperar até o dia seguinte, o livro não vai sair do lugar e então, realizada, as leituras terão outro tom, outro sabor, outro saber. 
E uma coisa eu garanto, sexo frágil ela não é não! Essa época já se foi! Ela sabe bem o que quer. Conquistou o mundo e pretende dominá-lo, seduzi-lo com movimentos no corpo, no cérebro, na alma e no coração! Sim! Mulher, eu sou e amo muito esse estado de ser. 

*Vanessa Ribeiro 

Professora, atriz, dançarina e filosofa clínica. 
Petrópolis/RJ