Andei por caminhos muito particulares, descobri e revivi muitas dores, muitas alegrias. Enxerguei demasiadamente, adoeci, sofri e renasci. Isso tudo só pôde ser possível por causa do acolhimento que recebi...
Minha família, amigos, médicos, pessoas do coração, casas espirituais e terapeutas, alguns livros, música, palestras otimistas, trabalho e muito trabalho. Andei por caminhos torturantes, febris, medonhos, mas também resolvi praticar a caridade do auto acolhimento!!! Por vezes pensei que a caridade só seria útil se fosse por um outro, por um irmão que sofre, por alguém que menos tem, entretanto descobri a "sangue frio" que a maior caridade é a que permitimos nos dar, por que muitas vezes, somos o irmão que sofre, ou alguém que menos tem, emocionalmente falando, em caso particular.
Descobri a importância de um cuidar voltado para minha alma, sem ficar presa aos termos universais infindáveis como: "olhar para si mesmo é egoísmo". Egoísmo e orgulho é não acolher-se e esperar que um outro faça constantemente esse movimento por você. Para você, para alimentar seus mimos. Aprendi a pedir ajuda sem culpa, de coração aberto, consciente da minha incompletude enquanto ser humano, mostrei um pouco mais minha fragilidade sem perder a força de lutar contra tudo o que me feria emocionalmente. Sou humana, e a cada respirar, vou tomando uma consciência medonha dessa minha condição, do meu lado coragem e medo, alegria e tristeza, euforia e depressão. Desespero. Mansidão!!!
A melancolia faz parte de um pedacinho da minha alma, assim como a alegria. Tenho tentado encontrar um equilíbrio entre as duas, muitas vezes as doses ficam desiguais, mais melancolia e menos alegria, ou vice-versa.
O importante é que neste momento da minha vida estou acolhida por mim e por vários, desde o mais singelo pássaro a cantar até ao mais elevado amor vivente. A causa primaria de todas as coisas que é sinônimo de amor verdadeiro, sublime, me faz sentir tão acolhida que chego a transbordar e a viver um gozo similar ao que os Gregos chamavam de "eudaimonia".
Sou só gratidão!!! Viver e não ter crises é viver de ilusão. O autoconhecimento é doloroso, não vou mentir não, mas é libertador. Mestre Jesus tinha razão ao dizer que o conhecimento da verdade é libertação. A vida se torna leve, compreensível após um sofrimento, após uma revelação, porém, tenho meus medos, gostaria de aprender sem sofrer. Acho que até seja possível, entretanto só com um transbordar de sabedoria.
A todo momento nos deparamos com injustiças, perdas pessoais, frustrações... Como lidar com tudo isso sem sofrimento?
Como assistir aos noticiários com tantas desgraças sociais e dormir em paz? Como? Acredito que só com muita sabedoria que é filha da fé, seja possível viver com resignação.
Que todos sintam-se acolhidos no meu coração!!!
Vanessa Ribeiro*
Professora, atriz, dançarina, filósofa clínica
segunda-feira, 20 de abril de 2015
terça-feira, 31 de março de 2015
Tudo passou...*
Por mais triste, pesado, cinza, doído, apertado, confuso que esteja o momento de dor, um dia, uma hora... num instante a vida vai te surpreender.
Isso também passa!!!
Tudo ficou para lá, longe, num lugar distante, num lugar bonito e reconfortante, numa tarde triste de sol de fim de verão, perto do pico da montanha, num lugar imaginário, escondido, que nem quero lembrar mais.
Só de vez em quando sinto um aperto no peito como se o enorme sentimento de nada fosse invadir novamente minha alma e tragar-me para dentro de uma caixinha escura e vazia. Mas... Ilusão!!! Prefiro andar e dançar com os pés no chão. Aliás, preciso exercitar, todas as horas, permanecer aqui nesse lugar chamado mundo.
E quando, por um descuido, me lembro dos tristes dias, eu me sinto forte e sigo em frente sem dar nem uma pequena olhada para lá.
Não!!! Não olharei para o passado, só interessa o agora e o futuro... Entretanto, só uma vez por semana, numa sala segura e não muito iluminada, eu permito dar uma olhadinha para dentro da caixa, isso tudo como forma de medicamento para a alma.
Quando o corpo adoece é a alma gritando para ser cuidada e tratada... Ela implora por um pouco de atenção e carinho. Aí, paramos tudo e finalmente olhamos para ela.
Cuidar da alma é cuidar do corpo e do coração, foi difícil de chegar a essa conclusão, entretanto quando se chora lágrimas, que nem só suas são, a vida te joga para a realidade e negá-la seria ilusão.
A essência de felicidade que temos nunca se esgota. É interessante perceber, depois de uns meses de sofrimento, que toda aquela vida viva ainda está em ebulição. Tudo que parecia acabado não passa de uma miragem, de um vidro embaçado que de repente foi limpo.
A vida é um pouco estranha... Sempre acreditei em contos de fada, porém acho uma chatice a vida das princesas!!! Tão certinhas! Tão arrumadinhas. Eu não queria ter acreditado que ser princesa seria o ideal. Odeio a vida das princesas. Tão previsíveis... Que coisinha mas sem graça! Eca...
Se é para estar num conto de fadas que eu seja a bruxa então, malvada, livre das convenções!!! Amo a vida das feiticeiras. Muito mais interessante.
Eu acho que minha alma estava precisando dessa libertação, esse expurgo necessário para tornar-me quem realmente sou. Desagendar alguns personagens construídos durante anos, meses, dias, horas, segundos. Estou cansada só de pensar em quantas personagens que eu colecionei ao longo da vida. Será que só eu questiono isso? Será que isso é desnecessário? Será que autoconhecimento traz alegria? Mas, e as sombras?
Feias.
Dolorosas.
A única coisa que sei é que se há sombra deve haver luz e tanto uma quanto a outra fazem parte de uma mesma alma, a minha. Aceito-as de agora para sempre, com respeito e paciência, com perdão e mansidão. Não sou perfeição. Nem preciso ser. Somente quero continuar a dançar com os pés no chão e, se por outro descuido ferir meu pé, chorarei dignamente, mas não lamentarei ter deixado de dançar por medo de me machucar!
*Vanessa Ribeiro
Professora, atriz, dançarina e filósofa clínica.
domingo, 22 de março de 2015
Fases*
Estive escondida dentro de mim, num universo cheio de coisas perdidas!!!
Vi e percebi muitas coisas, entretanto várias dessas coisas não faziam algum sentido.
Encontrei lugares belos e outros medonhos. Tive muito medo de me afogar, mas me mantive firme.
Fiz uma enorme faxina existencial!!!
Sinto-me leve novamente, vibrante e feliz.
Sim! Sou otimista demais! Não posso negar minha natureza,
sinto a pureza das crianças, o barulho das gargalhadas descompromissadas...
Sinto, sinto e sinto muito por incomodar por meu sentir demais.
Exagerada no sentir, intensa no viver, colorida ao me expressar
Pequena na estatura mas enorme nos atos.
Quanto aos anseios me acalmo mais
O tempo de vivência traz muita tranquilidade!
Não sei certo o quanto mudei, porém, sei que muito se transformou aqui dentro do peito!
Morri e renasci várias vezes em pouco tempo...
Descobri que a coragem é mais sábia do que o medo,
ouso me arriscar para ser quem sou!
Correta, coerente? Não sei responder...
Sigo em paz!
A verdade é minha saga, que se inicie por mim, então.
*Vanessa Ribeiro
Professora, atriz, dançarina e filósofa clínica.
quinta-feira, 19 de março de 2015
Já consigo enxergar uma luz...*
Fiquei muito tempo naufragada no meu EU existencial,
não sabia se era dia ou noite, na minha rotina robótica com pensamentos dos
mais variados fui sobrevivendo entre a dor e a esperança de dias melhores. Cada
noite era uma promessa de um novo amanhecer mais seguro, mais livre, mais meu.
E nesse estado de alma me lancei na fé das mais diversas. Busquei amparo
espiritual e, quase como uma beata, clamava cura a Deus. Meu refúgio mais
sublime e profundo foi o amor e a acolhida que recebi. Sim!!! Tenho certeza de
que o amor cura e alivia a dor, dando um norte para aquele que sofre. Por maior
que fosse o sofrimento arrancava forças para mergulhar no meu trabalho que me
dá muito prazer. Até minha paixão dominante “a dança” ficou em segundo plano.
Não porque eu quisesse, mas porque percebi que não estava entregue o suficiente
para desfrutá-la.
E agora que consigo enxergar um filete de sol, um
brilho no fim do túnel, minha energia está sendo renovada. Minha fé está cada
vez maior e a certeza de que cuidando do corpo, da mente e do meu espírito repousarei em verdes campos, de contentamento e mansidão. A paz começa a chegar
bem de mansinho, invade cada uma das minhas células trazendo luz para meu
interior, a vida vai se revelando novamente aos poucos e eu vou recuperando
aquela alegria que pertence a minha real singularidade.
Tenho consciência de que tudo é muito delicado,
precisarei de mais paciência para me recompor por inteiro. Entretanto, para
quem esperou tanto tempo para ter a coragem de se desnudar e mergulhar na
sombra para aprender a lidar com ela, o tempo é o que menos importa. Há muito
tempo aqui dentro e também lá fora. Clareando cada sombra irei recuperando um
pouco mais de mim. Os pedaços estilhaçados já não me assustam mais. A coragem e
a confiança de estar bem acompanhada me faz querer reconstruir cada pedaço que
sobrou. O que não sobrou joguei fora com muita lucidez, guardei muitas coisas
desnecessárias no meu mais profundo interior. Minha faxina existencial está se
dando por completo, não para me tornar outra pessoa, mas para fortalecer quem
eu verdadeiramente sou.
Em momentos de crise se tivermos olhos de enxergar e
ouvidos para ouvir descobriremos particularidades de nossa essência que nem
imaginaríamos existir. Nas ruas de nossa caminhada existem curvas e desvios,
nem sempre devemos seguir em linha reta. Muitos desvios poderão nos mostrar que
nossas ideias não são tão complexas quanto imaginávamos. Que a vida pode ser
muito mais do que sonhávamos e idealizávamos, basta esperar pelo raio de sol
que em algum momento voltará a brilhar.
Vanessa Ribeiro
Professora, atriz, dançarina e filósofa clínica
segunda-feira, 9 de março de 2015
Confiança...*
Há momentos de fragilidade de alma que a única alternativa para continuar caminhando é confiar. São nesses momentos que nos conectamos com o mais profundo que há em nosso "EU". Momentos de muitos desafios, dores por reconhecermos nossas sombras e hiatos de fé por um amanhã mais confortante. Se mantivermos nossos pés no chão da razão e nossos corações no divino que existe em nós, esses momentos poderão servir para um aprimoramento pessoal de grande valia. A reforma íntima tão pregada por muitas crenças se inicia a partir de nossas dores pessoais, entretanto, se faz necessário uma reflexão e um alargamento de consciência.
Eu, particularmente acredito, que nada, absolutamente nada nessa existência é por acaso! Acredito que uma dor tenha um significado tão importante quanto a lucidez de uma vida saudável. Se aprendermos a significar de forma imparcial os acontecimentos diários, conosco ou com um próximo, perceberemos que a própria vida com sua habilidade de ensinar nos esclarece muito.
Ainda que tudo pareça desconexo e sem sentido, como numa tarde cinza, sem sabor, sem aparente significado definido, pode ser que nas entrelinhas das ruas percorridas por nós, existam muitas cores camufladas e sentidos imperceptíveis num primeiro contato no mundo das sensações pessoais. É necessário ter coragem para tentar identificar as entrelinhas, mergulhar fundo em nosso universo infinitamente único, estar disposto a deixar-se quebrar internamente para que haja uma reconstrução integral.
E, nesse momento de entrega, a confiança se torna uma parceira indispensável. Não é fácil confiar. Algumas singularidades possuem muita dificuldade nesse processo de entrega total!!! Mas a esperança que é irmã da fé, talvez seja a única solução para muitos. Buscar ajuda para fortalecer essa esperança pode ser um caminho viável e muito rico que trará uma calma para a alma no processo de entrega.
Aos poucos, as cores vão começando a ressurgir diante de olhos antes nublados de dor, a vida vai sendo reconstruída a partir de uma lucidez de autoconhecimento profundo. O que antes havia sido despedaçado por tristezas emocionais, pode em muitas situações, revelar a verdadeira identidade de um caminho para a cura e para a luz.
Confiar é deixar fluir, não como num barco sem leme, mas um deixar fluir diante das decisões tomadas no dia-a-dia com reflexões e consciência de nossa imperfeição enquanto seres humanos! Nesse momento de entrega, a culpa e o medo devem ser extirpados da alma fragilizada, a meditação diária e o autorrespeito são ferramentas preciosas dentro dessa transformação pessoal!
Confiemos, pois!!!
*Vanessa Ribeiro
Professora, atriz, dançarina e filósofa clínica.
Eu, particularmente acredito, que nada, absolutamente nada nessa existência é por acaso! Acredito que uma dor tenha um significado tão importante quanto a lucidez de uma vida saudável. Se aprendermos a significar de forma imparcial os acontecimentos diários, conosco ou com um próximo, perceberemos que a própria vida com sua habilidade de ensinar nos esclarece muito.
Ainda que tudo pareça desconexo e sem sentido, como numa tarde cinza, sem sabor, sem aparente significado definido, pode ser que nas entrelinhas das ruas percorridas por nós, existam muitas cores camufladas e sentidos imperceptíveis num primeiro contato no mundo das sensações pessoais. É necessário ter coragem para tentar identificar as entrelinhas, mergulhar fundo em nosso universo infinitamente único, estar disposto a deixar-se quebrar internamente para que haja uma reconstrução integral.
E, nesse momento de entrega, a confiança se torna uma parceira indispensável. Não é fácil confiar. Algumas singularidades possuem muita dificuldade nesse processo de entrega total!!! Mas a esperança que é irmã da fé, talvez seja a única solução para muitos. Buscar ajuda para fortalecer essa esperança pode ser um caminho viável e muito rico que trará uma calma para a alma no processo de entrega.
Aos poucos, as cores vão começando a ressurgir diante de olhos antes nublados de dor, a vida vai sendo reconstruída a partir de uma lucidez de autoconhecimento profundo. O que antes havia sido despedaçado por tristezas emocionais, pode em muitas situações, revelar a verdadeira identidade de um caminho para a cura e para a luz.
Confiar é deixar fluir, não como num barco sem leme, mas um deixar fluir diante das decisões tomadas no dia-a-dia com reflexões e consciência de nossa imperfeição enquanto seres humanos! Nesse momento de entrega, a culpa e o medo devem ser extirpados da alma fragilizada, a meditação diária e o autorrespeito são ferramentas preciosas dentro dessa transformação pessoal!
Confiemos, pois!!!
*Vanessa Ribeiro
Professora, atriz, dançarina e filósofa clínica.
segunda-feira, 2 de março de 2015
Será preciso mesmo apagar a luz?*
Apagar a luz para melhor enxergar ou apagar a luz para não enxergar? Qual das duas alternativas serão mais compatíveis com o nosso papel existencial de autoconhecimento? Será preciso mesmo apagar a luz? O olhar para dentro deve ser distanciado do olhar para fora? Será que o entendimento da minha singularidade não reflete em como entenderei a singularidade do outro?
Essas questões estão inquietando minha alma há algum tempo. O estudo da filosofia clínica me fez entender que o que é bom ou suportável para minha singularidade pode não ser para a singularidade do outro. Mas, afinal, que outro? Ora, qualquer outro. Um partilhante, um amigo ou um amante. Talvez esse outro possa ser um familiar próximo, aquele que tento fazer com que seja àquilo que meu egoísmo acredita que seja melhor. Sim!!! Meu egoísmo. A vida não se apresenta da mesma forma para ninguém, somos singulares, graças a Deus. Minha experiência, vivência emocional, personalidade é singular e nunca plural por mais semelhanças que eu possa ter com outra singularidade. Isso é fato!!!
Então pode ser que, para “um outro”, seja de fato necessário apagar a luz para suportar "as dores e as delícias" da existência atual. Embora eu acredite que apagar a luz seja uma fuga momentânea, não tenho o direito de exigir que a luz seja acesa para ninguém. O meu direito termina onde começa o do outro. Essa célebre frase tem norteado minha existência... Muitos discordam e acreditam que poderiam, sim, retirar os véus da escuridão de “vários outros”. Mostrar ao outro que esses véus devam cair é muito delicado e requer muito cuidado, pois muitas vezes, o véu da escuridão pode ser a única esperança desse outro para suportar a existência. O universo particular de cada pessoa é tão sensível como o cristal, quebrável, e muitas vezes, impenetrável. Tentar agendar, qualquer que seja o termo, para o outro, requer um conhecimento prévio deste universo, muito bem pesquisado!!!
É preciso calma e sabedoria para viver e conviver com o outro, ainda que esse outro seja o seu outro "EU" que pode estar debaixo do véu da escuridão. Autoconhecimento é necessário, à medida que nos faz pessoas mais felizes e menos complicadas do ponto de vista existencial. E, claro, se quisermos, de fato, descomplicar nosso universo particular!!! Muitos afirmarão que é obvio que qualquer ser humano deseja ser feliz e viver de forma mais harmônica. Será? Devemos utilizar esse termo universal "qualquer ser humano"? E o que é felicidade? A interpretação da felicidade e de seu conceito varia, da mesma forma que varia a singularidade de cada ser humano. Não existe receita para a felicidade e para o bem viver, o que existem são tentativas pessoais e singulares.
Dentro de meu conhecimento de filosofia clínica, que ainda é muito pequeno, penso que cautela e respeito são fundamentais para qualquer filósofo clínico. Na verdade esses dois elementos facilitam muito a vivência e a convivência consigo e com o outro. Tenho vivido experiências maravilhosas com alguns adolescentes que são meus alunos, e por afinidade, tenho tido a oportunidade de estreitar minha relação com tais alunos. Sair do pedestal de professora e aproximar-me de meus alunos como apenas um ser humano é uma experiência incrível e apaixonante. Como aprendo com eles!!! A filosofia clínica se faz presente nesse momento de aproximação entre minha singularidade e a singularidade de cada aluno que se aproxima. E assim, vou caminhando e tentando perceber se devo ou não apagar ou acender a luz!
*Vanessa Ribeiro
Professora, atriz, dançarina e filósofa clínica.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015
A Filosofia Clínica na minha vida...*
Andei questionando que papel o estudo da filosofia clínica tem cumprido em minha vida e cheguei a inúmeras conclusões. Sou habilitada para a pesquisa dentro da filosofia clínica pois ainda não conclui meu pré-estágio terapêutico. Aliás, não tenho pressa em continuar, tendo em vista, os ganhos que tive com esse estudo.
A filosofia clínica abriu meu conhecimento de mim mesma. E creio que esse deva ser o primeiro passo para as pessoas que pretendem atender outras pessoas. Antes da filosofia clínica em minha vida eu escrevia e simplesmente detestava tudo o que escrevia. Mas, sempre gostei de me expressar pela escrita. Meu professor e filósofo clínico Hélio percebeu isso, essa minha singularidade. Eu não só fui incentivada por esse mestre-amigo, mas também, fui descoberta como um ser que necessita expurgar pela escrita as dúvidas da existência e as dores de existir.
Desagendei muito durante meu processo. Cresci como ser humano, me desnudei de complexos e recatos. Sou mais coerente comigo mesma. Descobri que sou expressão pura e profundamente reflexiva e questionadora. Hoje eu consigo aceitar um pouco melhor minha singularidade, percebo que não há tanta necessidade de me identificar, porque descobri que nenhum ser é igual a outro.
A coisa mais linda dessa abordagem terapêutica é a questão da importância da singularidade. Sim!!! Não podemos tratar uma pessoa com pré-juízos. Não existe classificação. Somos únicos. Isso é lindo demais!!! E, se somos únicos, não deveríamos julgar tanto como o outro se apresenta dentro dos inúmeros papéis existenciais que a vida o apresenta. Digo não deveríamos pois ainda exercito essa "suspensão de juízo" tão presente na história da filosofia antiga.
O processo autogênico que o estudo da filosofia clínica cumpre em minha existência, é por si só, capaz de responder o porquê de estudar tanto essa abordagem terapêutica. O "ser-terapeuta" é apenas um detalhe para a vida do filósofo clínico. Claro que é um detalhe muito importante e necessário. Entretanto não é o que há de maior valia na filosofia clínica. O método é muito bem estruturado, cada detalhe dos exames categoriais deve ser muito bem pesquisado. Por isso é muito importante fazer terapia antes de ser um terapeuta. Somente alargando o pensamento a respeito de mim mesma poderei ter um olhar mais humano e humilde para a historicidade do outro.
Quem tem o dom de cuidar, certamente, se identificará com a filosofia clínica. Cuidar não é simplesmente escutar e aplicar o método desenvolvido por Lúcio Packter, é muito mais que tudo isso. Cuidar é amar a vida do outro tendo consciência de que grande parte das pessoas que procura um profissional terapeuta está em processo de crise, sofrimento! Sem essa consciência não haverá êxito no processo de terapia com essa abordagem tão singular.
É necessário muita cautela antes de um filósofo clínico iniciar o papel de terapeuta. É necessário muito amor, carinho e dedicação! Temos que nos conscientizar que isso não é uma tarefa assim tão simples. Para muitos, até pode ser simples, entretanto, para outros o "ser-terapeuta" pode ser muito perigoso.
Hoje consigo entender as palavras do professor Hélio Strassburger ao dizer que é um "homem do mundo". O ser-terapeuta é quase um sacerdócio! Uma renúncia de parte de si para a partilha com o outro. Creio que só com esse pensamento poderemos um dia desempenhar papel tão significativo que é o de terapeuta filosófico.
*Vanessa Ribeiro
Professora, atriz, dançarina e filósofa clínica.
A filosofia clínica abriu meu conhecimento de mim mesma. E creio que esse deva ser o primeiro passo para as pessoas que pretendem atender outras pessoas. Antes da filosofia clínica em minha vida eu escrevia e simplesmente detestava tudo o que escrevia. Mas, sempre gostei de me expressar pela escrita. Meu professor e filósofo clínico Hélio percebeu isso, essa minha singularidade. Eu não só fui incentivada por esse mestre-amigo, mas também, fui descoberta como um ser que necessita expurgar pela escrita as dúvidas da existência e as dores de existir.
Desagendei muito durante meu processo. Cresci como ser humano, me desnudei de complexos e recatos. Sou mais coerente comigo mesma. Descobri que sou expressão pura e profundamente reflexiva e questionadora. Hoje eu consigo aceitar um pouco melhor minha singularidade, percebo que não há tanta necessidade de me identificar, porque descobri que nenhum ser é igual a outro.
A coisa mais linda dessa abordagem terapêutica é a questão da importância da singularidade. Sim!!! Não podemos tratar uma pessoa com pré-juízos. Não existe classificação. Somos únicos. Isso é lindo demais!!! E, se somos únicos, não deveríamos julgar tanto como o outro se apresenta dentro dos inúmeros papéis existenciais que a vida o apresenta. Digo não deveríamos pois ainda exercito essa "suspensão de juízo" tão presente na história da filosofia antiga.
O processo autogênico que o estudo da filosofia clínica cumpre em minha existência, é por si só, capaz de responder o porquê de estudar tanto essa abordagem terapêutica. O "ser-terapeuta" é apenas um detalhe para a vida do filósofo clínico. Claro que é um detalhe muito importante e necessário. Entretanto não é o que há de maior valia na filosofia clínica. O método é muito bem estruturado, cada detalhe dos exames categoriais deve ser muito bem pesquisado. Por isso é muito importante fazer terapia antes de ser um terapeuta. Somente alargando o pensamento a respeito de mim mesma poderei ter um olhar mais humano e humilde para a historicidade do outro.
Quem tem o dom de cuidar, certamente, se identificará com a filosofia clínica. Cuidar não é simplesmente escutar e aplicar o método desenvolvido por Lúcio Packter, é muito mais que tudo isso. Cuidar é amar a vida do outro tendo consciência de que grande parte das pessoas que procura um profissional terapeuta está em processo de crise, sofrimento! Sem essa consciência não haverá êxito no processo de terapia com essa abordagem tão singular.
É necessário muita cautela antes de um filósofo clínico iniciar o papel de terapeuta. É necessário muito amor, carinho e dedicação! Temos que nos conscientizar que isso não é uma tarefa assim tão simples. Para muitos, até pode ser simples, entretanto, para outros o "ser-terapeuta" pode ser muito perigoso.
Hoje consigo entender as palavras do professor Hélio Strassburger ao dizer que é um "homem do mundo". O ser-terapeuta é quase um sacerdócio! Uma renúncia de parte de si para a partilha com o outro. Creio que só com esse pensamento poderemos um dia desempenhar papel tão significativo que é o de terapeuta filosófico.
*Vanessa Ribeiro
Professora, atriz, dançarina e filósofa clínica.
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